Tombo da produção industrial em janeiro reforça necessidade de reformas

13/03/2019

O tombo sofrido pela indústria da transformação na sua produção de janeiro é portador de recados ao governo, no sentido do que deve ser feito para destravar os canais de produção no setor fabril. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Humberto Barbato, que comentou para o Broadcast as quedas de 0,80% da produção industrial em janeiro ante dezembro e de 2,6% na comparação com o mesmo mês no ano passado.

De acordo com ele, os números gerais da indústria são alarmantes e reforçam a necessidade de o governo levar adiante as reformas para destravar os canais de produção. “E não estou me referindo à reforma da Previdência, porque não creio que ela vá resolver o problema da indústria. Estou falando de medidas infraconstitucionais, de decisões simples que podem desobstruir os canais de produção”, disse o executivo. Barbato afirmou, inclusive, que na semana que vem o setor deverá se reunir com o governo para levar uma lista de sugestões neste sentido.

Mas segundo o presidente da Abinee, apesar de todas as dificuldades da indústria como um todo, o segmento eletroeletrônico, que responde por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) agregado, se descolou da indústria da transformação em janeiro. Foram gerados pelo setor 2 mil empregos diretos com carteira assinada. “A nossa última sondagem mostra que nossos associados estão com a confiança bastante elevada”, contou Barbato.

Contudo, segundo o presidente da Abinee, a despeito de as expectativas continuarem positivas, o governo vai cada vez mais ser pressionado porque o setor tem pressa para crescer. “A situação da indústria é delicada há muito tempo porque sempre foi a maior arrecadadora de impostos aos cofres públicos e mesmo diante das crises pelas quais passaram continuam como a maior arrecadadora”, queixou-se.

A indústria como um todo, de acordo com Barbato, além de problemas domésticos, tem sido vítima também da crise que abala a economia argentina, a maior importadora de produtos manufaturados “made in Brazil”. “Por isso é importante a aproximação do Brasil com os Estados Unidos, que pode vir a ser um grande mercado para os produtos manufaturados brasileiros, já que a União Europeia não é esse mercado”, disse Barbato.