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13 fev Reunião de conjuntura discute gestão Trump
A Abinee realizou nesta quinta-feira (12) sua tradicional reunião de conjuntura para debater os desafios do setor e os impactos das mudanças no cenário global, com o diretor de Economia da Associação, Celso Martone, e Antonio Carlos P. Costa, superintendente de Departamentos (DEAGRO, DEREX e DDS) da FIESP, que abordou o tema “Perspectivas do Segundo Mandato de Donald Trump para o Comércio Internacional”.
Costa apresentou uma análise detalhada sobre as diretrizes da nova gestão norte-americana, marcada pelo fortalecimento do nacionalismo econômico e pela intensificação de medidas protecionistas. Desde sua reeleição, Trump tem colocado em prática promessas de campanha, como a aplicação de tarifas sobre importações e a busca pela autossuficiência dos Estados Unidos.
O Secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, são defensores dessa estratégia, que busca fortalecer a indústria doméstica e reduzir o déficit público por meio de desregulação e aumento da produção de petróleo.
Desafios e estratégias para o Brasil
A política protecionista dos EUA apresenta desafios para o Brasil, especialmente no comércio de produtos manufaturados e siderúrgicos. O representante da Fiesp alertou para a necessidade de ações estratégicas para mitigar impactos negativos. Na opinião de Costa, o governo norte-americano está praticando um “nacionalismo econômico desavergonhado”, mas ainda assim, o caminho da retaliação poderia trazer graves consequências para o País.
Nesse sentido, a reunião trouxe propostas, como a ampliação da cooperação com autoridades brasileiras em Washington e a criação de um sistema documental para responder rapidamente a investigações de subsídios contra o Brasil.
A aproximação entre Brasil e Estados Unidos será crucial para definir os rumos do comércio bilateral. O fortalecimento do Itamaraty na agenda comercial e a colaboração entre a Fiesp, Senai-SP e Receita Federal são algumas das iniciativas sugeridas para enfrentar os desafios impostos pelo novo cenário global.
Cenário econômico e perspectivas para 2025
Além da análise sobre a política comercial americana, a reunião abordou o desempenho recente da economia e os desafios enfrentados pela indústria em um contexto de juros elevados e instabilidade no mercado internacional. Martone destacou a retomada do setor eletroeletrônico em 2024, com crescimento de 13,3% na produção industrial, aumento do emprego em 7,2% e expansão de 6,1% nas exportações. Apesar desse avanço, a expectativa para 2025 é de crescimento mais moderado, com variação de 5% na produção física e um aumento de 2% no número de empregados.
Por outro lado, o economista alertou para o cenário macroeconômico de 2025, que aponta para desaceleração da economia, com inflação em alta (5,8%), elevação dos juros e um câmbio que deve permanecer na faixa de R$ 5,8 a R$ 6,0 devido ao aumento do risco-país. “Não há nenhuma indicação de que esse patamar cambial vai se reverter este ano”, disse. Além disso, o déficit primário deve se manter em torno de 1% do PIB, com a dívida pública crescendo cerca de 3 pontos percentuais ao ano, elevando as preocupações fiscais.
Diante desse contexto, a projeção para os próximos anos indica uma desaceleração econômica prolongada até 2026, impulsionada pelo fim dos estímulos fiscais e por uma taxa de desemprego ligeiramente maior, impactando o consumo interno e a expansão industrial.