Reforma da Previdência: importante para o país, fundamental para a indústria

07/06/2019

A Reforma de Previdência é importante para o País e fundamental para a indústria. A avaliação é do gerente de Políticas Fiscal e Tributária da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles, que participou nesta quinta-feira (6) da Reunião Plenária da Abinee.

Em sua avaliação, a medida contribuiria para reverter a trajetória deficitária da poupança interna, tornando o Brasil menos dependente de recursos externos, o que traz impactos no câmbio. Telles afirmou que a atual proposta do governo garante a sustentabilidade do sistema previdenciário e corrige as principais distorções hoje existentes. “O atual modelo foi elaborado considerando a expectativa de vida de então, porém, essa realidade mudou”.

O gerente da CNI ressaltou que o Brasil é um país jovem, mas que integra o grupo das nações que mais gastam com Previdência, totalizando 14% do PIB. Ele lembrou que, até 2040, o País triplicará o número de idosos. “Se não fizermos a reforma, teremos um aumento de 8% de gastos em relação ao PIB até 2060. Essa elevação teria que ser coberta com aumento de carga tributária ou inflação alta”.

Também convidado-palestrante na Plenária, o economista Dyogo Oliveira, ex-ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e ex-presidente do BNDES, afirmou que a Reforma da Previdência é um divisor de águas para qualquer projeção econômica no médio e longo prazo.

Em sua opinião, o Brasil vive um cenário de reversão de expectativas. “Começamos o ano otimistas diante da possibilidade do novo governo contar com capital político e com visão econômica para dar continuidade às ações reformistas da gestão anterior”.  Essa euforia inicial, entretanto, arrefeceu, segundo ele. “Não conseguiremos mais salvar o PIB deste ano. Temos que começar a pensar em 2020”, disse Oliveira, para quem qualquer medida fiscal ou monetária só tem efeito prático em, no mínimo, seis meses.

O economista salientou que, embora seja essencial, a tese de que só a aprovação da Reforma da Previdência seja suficiente para a retomada do crescimento não se sustenta. “O problema fiscal não é o único que temos”.

Nesse sentido, ele destacou o atual quadro de crédito reprimido e as altas taxas de juros. “Reverter isso exigirá medidas de grande impacto e coordenação das ações”. Em sua avaliação, as empresas estão descapitalizadas e com dificuldade de tomada de crédito, em um cenário de produção industrial estagnada há mais de 10 anos e longe de ensaiar recuperação.

Ele defendeu a ação do governo na política monetária. “O Banco Central não pode ficar de braços cruzados, vendo a economia se deteriorar, principalmente, com uma inflação abaixo da meta”.

Outro ponto crucial destacado foi a Reforma Tributária. Segundo o economista, o tema é de difícil concertação devido à sua complexidade.

Para o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, além da questão fiscal, o governo deve tomar medidas para alterar a atual carga tributária. “Atualmente vemos manifestações contra benefícios fiscais, mas não podemos esquecer que eles só existem para corrigir nossa imensa carga tributária e colocá-la num nível adequado”.

“O governo deve analisar números de como a participação da indústria tem caído em relação ao PIB, mas como a carga se mantém inalterada ao longo dos anos”, completou.