13 set Evento debate visão da indústria sobre Inteligência Artificial
Exemplos de aplicações e adoção de Inteligência Artificial (IA) pelas empresas, discussões sobre regulamentação, segurança cibernética, inovação e formas de fomento foram os principais temas do evento “Inteligência Artificial – Visão da Indústria”, realizado na última quinta-feira (12) pela Abinee, em São Paulo. Na ocasião, representantes do setor industrial, da academia e do governo apresentaram os principais aspectos da tecnologia, com ênfase nas ações em andamento, desafios e perspectivas.
Abrindo o evento, o presidente do Conselho da Abinee, Claudio Lorenzetti, destacou o crescente interesse sobre o tema por parte das empresas. Já o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, e o secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Henrique Miguel, abordaram as recentes iniciativas como a elaboração do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) e a sanção do PL 13 (Lei 14.968/24), que estende os incentivos da Lei de TICs e Padis, além de criar o Programa Brasil Semicon, classificando-as como fundamentais para o processo de transformação digital do País.
“Em nossa visão, a Lei de TICs é o alicerce para qualquer intenção que o Brasil possa ter de competir no processo de transformação digital, na introdução de tecnologias como a Inteligência Artificial”, afirmou Barbato. Miguel salientou a atuação da Abinee para a aprovação do PL 13, além das medidas anunciadas na Missão 4 do programa Nova Indústria Brasil (NIB). Ressaltou também que o PBIA foi inspirado em práticas internacionais e discutido com o setor privado. A iniciativa ainda deverá ser implementada por meio de Decreto. “Não é um plano acabado, reúne ações em andamento pelo setor público e privado e pode receber novas contribuições”. O secretário salientou ainda as discussões sobre PL 2.338/23, de autoria do senador Rodrigo Pacheco, e que trata da regulamentação da Inteligência Artificial. Ele destacou a necessidade de se criar um arcabouço legal que estimule o desenvolvimento tecnológico e que não coloque entraves para a atuação das empresas.
Preocupação semelhante foi externada pelo presidente executivo da Abinee. “É imprescindível para o setor industrial que a futura legislação seja compatível com os regulamentos já vigentes no Brasil, sem o acréscimo de novas burocracias”.
Barbato lembrou que a Abinee tem participação ativa nas discussões sobre o tema no âmbito governamental, com a condução da diretora do Grupo de Trabalho Inteligência Artificial e Segurança Cibernética da entidade, a advogada Ana Paula Bialer, que mediou os debates do evento, pontuando o posicionamento do setor eletroeletrônico sobre os diversos tópicos apresentados nos painéis.
Adoção de IA na indústria e segurança cibernética
O primeiro painel tratou as iniciativas já em andamento de utilização de tecnologias de Inteligência Artificial pelo setor industrial. O diretor de Desenvolvimento de Negócios e Estrategia (Siemens), Jose Borges Frias Junior, e o líder de Inteligência Artificial da IBM Brasil, Fabio Ferreira de Lima, apresentaram cases de aplicações de soluções para aperfeiçoar processos produtivos com foco na eficiência energética, descarbonização, sustentabilidade entre outros.
Já o diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas para América Latina da Cisco, Giuseppe Marrara, abordou as estratégias e desafios no combate a ataques cibernéticos em redes por meio da IA, num contexto de massiva digitalização e circulação de dados. “Esse volume já supera a escala humana e necessita de processamento sobre humano. Por isso, a Inteligência Artificial é essencial para a segurança das redes”, afirmou.
Regulação IA
Aprofundando as dicussões sobre a regulamentação da IA no Pais, a diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Miriam Wimmer, e a Secretaria Adjunta da Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares (SEPAR/SRI/PR), Vivian Oliveira Mendes, reforçaram a necessidade de construir uma legislação que promova se segurança de dados e usuários, mas também contribua para o desenvolvimento tecnológico. Ambas ressaltaram a importância da participação do setor industrial nos debates sobre Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional.
Fomento e PD&I
O diretor de Incentivos às Tecnologias Digitais (DEINC) do MCTI, Hamilton Mendes, e o Coordenador Geral de Inovação Digital (CGID) do Ministério, Rubens Caetano Barbosa de Souza, apresentaram detalhamentos das políticas de apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no contexto do PBIA e as ações em curso para fortalecer IA com foco na Lei de TICs.
Entre esses instrumentos estão os Programas e Projetos Prioritários de Interesse Nacional (PPIs), opção de investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para empresas beneficiárias da Lei de TICs. A iniciativa destina recursos para ações do setor privado em parceria com institutos de Pesquisa. Na ocasião, o diretor de Tecnologia e Inovação do CPqD, Paulo Curado, apresentou diversos casos de projetos em andamento de aplicação de Inteligência Artificial em segmentos como agronegócio, saúde, inspeção de qualidade em manufatura, além da capacitação de engenheiros por meio de residência tecnológica.
Financiamento IA
Elo essencial para o estímulo à IA no País, as possibilidades de financiamento e recursos disponíveis foram tema de exposição do superintendente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação (BNDES), João Paulo Pieroni. Ele ressaltou a retomada do papel do banco de fomento nas diversas iniciativas governamentais como o programa Nova Industria Brasil, a fim de contribuir para o processo de transformação digital da indústria.