26 jul Especialistas discutem o futuro do mercado livre no Brasil
26/07/2019
O segundo dia de debates na Ilha do Conhecimento de Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização – GTDC, que integra a programação do Abinee TEC 2019 no ambiente da FIEE Smart Future, reuniu convidados para discutir o tema “Tendências e oportunidades na matriz energética brasileira” nesta quarta-feira (24), com lotação de público em praticamente todas as apresentações.
No primeiro painel, foram abordadas as perspectivas e desafios do mercado livre de energia elétrica. O presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Newton Duarte, ressaltou a economia de 29% gerada para os mais de 6 mil consumidores de energia do mercado livre nos últimos 15 anos, que monetariamente representa R$ 118 bilhões. O executivo também destacou os benefícios da hibridização de fontes de energia, como ocorre na região centro-sul do País, em que o período de estiagem é suprido pela energia das biomassas, principalmente açúcar e etanol.
“O mundo do mercado livre é fantástico porque oferece vantagens reais e vamos continuar tendo participação cada vez maior das energias renováveis”, afirmou Duarte.
O executivo de compras indiretas da Pepsico, Mario Martins, deu sua contribuição do ponto de vista do consumidor. Segundo ele, praticamente todas as fábricas da empresa, que é uma das 50 maiores do mundo, estão no mercado livre, gerando uma economia entre 20% e 30% em comparação com o custo do mercado cativo. Martins também destacou o uso de cogeração de energia para alguns processos e surpreendeu o público quando explicou que a maior parte da água utilizada na empresa provém da batata com que é feita produtos como Ruffles e Lay’s.
“Para quem já está no mercado livre, vale a pena comprar e também se conectar com os geradores, porque eles estão sempre desenvolvendo novas tecnologias e juntos se pode buscar alternativas, com vantagens econômicas e operacionais para todos”, concluiu.
A respeito da adesão de novas empresas ao mercado livre, o diretor da Newcom Energia, Daniel Camposilvan, e o diretor da Tradener, Sergio Mugnaini Costa, também consideram que a principal motivação é econômica. Segundo eles, a tendência é aumentar ainda mais essa participação.
“São empresas cada vez menores e que precisam de mais apoio. Apesar de a energia não ser o principal insumo da linha de custo, existe consciência em otimizar o impacto do consumo desse bem”, comentou Camposilvan.
A vice-presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Solange David, apresentou dados otimistas sobre o futuro do mercado livre no Brasil. Segundo ela, o setor tem potencial de migração de 187 mil unidades consumidoras no grupo A (alta tensão). Nesse contexto, estão em debate aspectos como o preço horário, a chamada de margem semanal, a separação de lastro e energia, o preço por oferta, a liquidação semanal e o clearing house (mercado estruturado como uma bolsa de energia).
“Para o País, é importante definir que queremos um mercado estruturado e com uma estrutura inteligente”, disse.
O biogás também teve seu destaque durante os painéis. O conselheiro da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), Marcelo Cupolo, destacou os benefícios dessa fonte de energia por meio da equivalência energética. “Se todo o potencial pudesse ser transformado em energia elétrica, o biogás supriria 38% do consumo energético do Brasil e o biometano representaria 70% do uso do diesel”, apontou.
Cupolo ainda apresentou as principais formas de atuação na geração de biogás hoje no Brasil. Em sua avaliação, geralmente, reúne-se um grupo de produtores, como suinocultores, por exemplo, para juntar o resíduo ou o gás produzido na unidade, criar uma tubulação e enviar para uma central geradora. A partir daí, a energia pode ser entregue aos produtores e o excedente vendido. Há casos também de frigoríferos ou de indústrias que pode produzir energia localmente, também pela cogeração.
“Nossos números não são expressivos, mas estamos crescendo ano a ano, seguindo o conceito da economia circular, em que aproveitamos os resíduos e não causamos nenhum prejuízo ao meio ambiente”, avaliou.