Revista Abinee 99 agosto/2019

No primeiro painel, foram abordadas as perspectivas e desafios do mercado livre de energia elétrica. O presidente executivo da Associação da Indústria de Cogera- ção de Energia (Cogen), Newton Duarte, ressaltou a economia de 29% gerada para os mais de 6 mil consumidores de energia do mercado livre nos últimos 15 anos, que monetariamente representa R$ 118 bilhões. O executivo também destacou os benefí- cios da hibridização de fontes de energia, como ocorre na região centro-sul do País, em que o período de estiagem é suprido pela energia das biomassas, principalmente açúcar e etanol. “O mundo do mercado livre é fantástico porque oferece vantagens reais e vamos continuar tendo participação cada vez maior das energias renováveis”, afirmou Duarte. O executivo de compras indiretas da Pepsico, Mario Martins, informou que pra- ticamente todas as fábricas da companhia, que é uma das 50 maiores do mundo, estão no mercado livre, gerando uma economia entre 20% e 30% em comparação com o custo do mercado cativo. Martins também destacou o uso de cogeração de energia para alguns processos e surpreendeu o público quando explicou que a maior parte da água utilizada na empresa provém da batata com que é feita produtos como Ruffles e Lay’s. Para o diretor da Newcom Energia, Daniel Camposilvan, e o diretor da Tradener, Sergio Mugnaini Costa, a principal motivação das empresas para ingressar no merca- do livre é, de fato, a econômica. “São empresas cada vez menores e que precisam de mais apoio. Apesar de a energia não ser o principal insumo da linha de custo, existe consciência em otimizar o impacto do consumo desse bem”, comentou Camposilvan. A vice-presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Solange David, apresentou dados otimistas sobre o futuro do mercado livre no Brasil. Segundo ela, o setor tem potencial de migração de 187 mil unidades consumidoras no grupo A (alta tensão). Nesse contexto, estão em debate aspectos como o preço horário, a chamada de margem semanal, a separação de las- tro e energia, o preço por oferta, a liquidação semanal e o clearing house (mercado estruturado como uma bolsa de energia). “Para o País, é importante definir que queremos um mercado estruturado e inteli- gente”, disse. Biogás O biogás também teve seu destaque durante os painéis. O conselheiro da Asso- ciação Brasileira do Biogás (ABiogás), Marcelo Cupolo, destacou os benefícios dessa fonte de energia por meio da equivalência energética. “Se todo o potencial pudesse ser transformado em energia elétrica, o biogás supriria 38% do consumo energético do Brasil e o biometano representaria 70% do uso do diesel”, apontou. Cupolo ainda apresentou as principais formas de atuação na geração de biogás hoje no Brasil. Em sua avaliação, geralmente, reúne-se um grupo de produtores, como suinocultores, por exemplo, para juntar o resíduo ou o gás produzido na unidade, criar uma tubulação e enviar para uma central geradora. A partir daí, a energia pode ser entregue aos produtores e o excedente vendido. Há casos também de frigoríferos ou de indústrias que podem produzir energia localmente, também pela cogeração. “Nossos números não são expressivos, mas estamos crescendo ano a ano, seguin- do o conceito da economia circular, em que aproveitamos os resíduos e não causamos nenhum prejuízo ao meio ambiente”, avaliou. agosto 2019 | Revista Abinee nº 99 | 25 ilhas de conhecimento

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