Revista Abinee 97 - Janeiro/2019

50 | Revista Abinee nº 97 | janeiro 2019 artigo uando ocorreu o impeachment de Dilma, há dois anos e meio, a economia estava toda desarruma- da, fruto das políticas populistas praticadas por mais de uma década. De meados de 2016 para cá, a tarefa do go- verno Temer foi colocar a casa em ordem, a despeito da profunda recessão herdada de anos anteriores. Isso foi conseguido. Comparando 2015 (último ano inteiro de Dilma) com 2018, vemos que a taxa de in- flação caiu de 10,7% para 3,8%, a taxa de juro foi reduzida de 14,25% para 6,5%, o PIB reverteu uma queda de 4,6% para um aumento de 1,3% e o déficit nominal do se- tor público caiu de 10,2% do PIB para 6,9%. A economia está apta a retomar uma fase de crescimento a taxas bem superio- res à de 2018, aproveitando-se da grande capacidade ociosa existente e da disponi- bilidade de mão-de-obra. A variável que tem travado esta retomada é o déficit do setor público, refletido num aumento ex- plosivo da relação dívida/PIB. Isso gera incerteza e medo sobre o futuro: possi- bilidade de calote, de hiperinflação, de desorganização da economia, etc. Todo cidadão acima dos 35 anos se lembra de como é viver numa situação caótica como essa. Q Portanto, se queremos crescer, temos que equilibrar as contas dos governos (aqui incluídos também os estados e mu- nicípios). A expansão avassaladora do setor público sobre a economia nacional, que começou com o governo FHC e am- pliou-se com Lula e Dilma, tem que ser revertida. Basta lembrar que em 1992 o setor público gastava 25% do PIB e hoje gasta mais de 40%. A “lei do teto” apro- vada por Temer é o instrumento para realizar essa reversão. A lei prevê que o aumento da despesa do setor público seja limitado à inflação do ano anterior. Na medida em que o PIB cresça, haverá um encolhimento progressivo da despesa do governo em relação ao PIB, retornan- do quiçá à situação do início dos anos 90. O que se espera do governo Bolsona- ro na área econômica é um combate ur- gente e massivo ao déficit público federal e o apoio necessário aos novos gover- nadores para corrigir o desequilíbrio dos estados. Aqui, a mais importante reforma (não a única) é a da previdência social, o grande saco sem fundo do setor público. Sem isso, não vamos a lugar algum. Sob a hipótese de que a reforma da previdência e outras medidas sejam rea- lizadas no primeiro semestre do governo, BOAS PERSPECTIVAS PARA

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