REVISTA Ano XXV | Nº 106 | Setembro/2024 Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ALICERCE PARA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL Sancionada a lei que prorroga a Política de TICs e cria o Programa Brasil Semicon
Ao editor é reservado o direito de publicação de parte ou íntegra das mensagens. É autorizada a reprodução dos textos publicados nesta edição desde que citada a fonte ou autoria. As opiniões expressas e matérias publicadas na coluna das associadas são de inteira responsabilidade de seus autores. Expediente Edição 106 Setembro/2024 Publicação do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e Similares do Estado de São Paulo - Sinaees-SP e da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – Abinee Av. Paulista, 1439 - 6º andar - 01311-926 Tel: 55 11 2175.0000 www.sinaees-sp.org.br | www.abinee.org.br Conselho Editorial Humberto Barbato Anderson Jorge de Souza Filho Editora Carla Franco - MTb 21.797 Redação Jean Carlo Martins - MTb 48.950 Produção Gráfica Agência Ecomunica Publicidade Cássia Baraldi cassia@abinee.org.br Produção Fotográfica Dagnan Brandão - DRT 0058243/SP Tiragem Edição Online
20 30 18 28 REFORMA TRIBUTÁRIA Uma das principais bandeiras da entidade, tema é elencado como decisivo para a reindustrialização CAPA Sancionada a lei que prorroga a Política de TICs e cria o Programa Brasil Semicon MERCADO IRREGULAR Governo intensifica combate à ilegalidade no comércio de celulares COMÉRCIO EXTERIOR Parceria entre Abinee e a ApexBrasil é renovada até julho de 2026
ÍNDICE EDITORIAL Alicerce para a transformação digital 06 MENSAGEM DO CONSELHO Cada vez mais unidos 09 EM FOCO Destaques de reuniões e realizações do setor 10 INSTITUCIONAL Reuniões periódicas trazem novos recursos de interação com participantes 14 BANDEIRAS Os principais temas defendidos pela Abinee 17 POLÍTICA INDUSTRIAL Ação conjunta liderada pela CNI busca fortalecimento da indústria 26 LOGÍSTICA REVERSA Resultados da Green Eletron ultrapassam o previsto pelo terceiro ano consecutivo 32 REGIONAIS Ações e iniciativas da Abinee em diversos estados 34 ASSOCIADAS Notícias e lançamentos das empresas que fazem parte da Abinee 36
6 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 Após extensas e intensas gestões junto ao Congresso Nacional e ao Executivo, obtivemos uma importante vitória para o setor com a sanção presidencial da Lei 14.968/24, fruto do PL 13/2020, uma junção com o PL 719/24, apresentado pela Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica e autoria de 74 deputados. O texto prevê a prorrogação dos incentivos das leis de TICs e do Padis até 2029, com o fim da chamada escadinha, que previa a redução gradual de incentivos a partir de 2025. Outra novidade que merece destaque foi a criação do Programa Brasil Semicondutores – Brasil Semicon, que busca um novo impulso à indústria brasileira de semicondutores, com propósito de estimular a produção nacional, com foco na projeção brasileira no mercado internacional e de forma a diminuir nossa dependência externa desses insumos de alta tecnologia. Outra novidade que merece destaque foi a criação do Programa Brasil Semicon, que busca um novo impulso à indústria brasileira de semicondutores, com propósito de estimular a produção nacional, com foco na projeção brasileira no mercado internacional e de forma a diminuir nossa dependência externa desses insumos de alta tecnologia.” “ ALICERCE PARA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL EDITORIAL Conseguimos na nossa interlocução com o governo expor a necessidade de dar maior previsibilidade para a atuação das indústrias do setor de TICs. A estabilidade de regras é fator preponderante quando se trata de um segmento tão dinâmico e que depende de investimentos constantes para aperfeiçoamento tecnológico. Um cenário onde as regras são sólidas e de longo prazo contribui para atrair novas unidades industriais e para o planejamento estratégico das empresas. A Lei de TICs é o alicerce para qualquer intenção que o Brasil possa competir no processo de transformação digital, na introdução de tecnologias como a Inteligência Artificial. Em função disso, o próprio governo a elencou como tema prioritário dentro da Nova Indústria Brasil (NIB).
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 7 “A Lei de TICs é o alicerce para qualquer intenção que o Brasil possa competir no processo de transformação digital, na introdução de tecnologias como a Inteligência Artificial. Em função disso, o próprio governo a elencou como tema prioritário dentro da Nova Indústria Brasil.” Humberto Barbato Presidente Executivo da Abinee A aprovação também mostra a consolidação de um trabalho desenvolvido pela Abinee junto à Frente Parlamentar. A atuação de parlamentares tão afeitos às nossas causas faz com que tenhamos uma voz ativa nas discussões de matérias que buscam o desenvolvimento do País, colocando o setor no centro deste processo tão almejado. Graças ao reconhecimento dessa importância, temos buscado garantir um ambiente propício para a atividade do setor, contribuindo com sugestões e aperfeiçoamentos nas políticas gestadas pelo governo. Por outro lado, outro tema que tem contado com a forte atuação da Abinee é o combate ao crescimento do mercado irregular de celulares no País. Esta prática absurda, facilitada pelas vendas via marketplaces, vem causando sérios prejuízos à indústria, aos consumidores e ao erário em função da evasão fiscal. Seguimos vigilantes na condução dos assuntos de interesse do setor eletroeletrônico para que as indústrias possam exercer seu pleno potencial. E esperamos que os recentes indicadores de emprego e produção, que dão sinais de recuperação sustentável ao longo deste ano, possam permanecer na mesma trajetória. EDITORIAL
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SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 9 Eleito no início deste ano, o Conselho de Administração da Abinee e do Sinaees-SP assume a entidade em um momento de intensas articulações com os Poderes Executivo e Legislativo para a retomada do crescimento do setor produtivo, e consequentemente, da economia brasileira, tema que necessariamente passa pela intensificação das políticas de redução do Custo Brasil e por políticas direcionadas à inovação. CADA VEZ MAIS UNIDOS Diante disso, trabalharemos com afinco para que o País atinja esse patamar tecnológico e industrial e nos dispomos a discutir e contribuir com as autoridades constituídas para a construção do desenvolvimento econômico e social tão almejado por todos. Para isso, precisamos estar cada vez mais unidos. Por meio de uma série de iniciativas, temos procurado estreitar os laços com nossos associados, dando a eles maior visibilidade sobre nossas bandeiras. Lançamos recentemente um novo site, mais moderno, com navegabilidade simples e informações valiosas sobre o dia a dia da entidade: notícias, eventos, reuniões realizadas, indicadores do setor. A Abinee também mudou a forma de realização de suas reuniões periódicas para permitir uma maior proximidade com as empresas associadas. As plenárias passaram a acontecer de forma presencial e as reuniões de conjuntura econômica, de forma online. Os eventos refletem o nosso compromisso em promover uma visão integrada de desenvolvimento econômico, contribuindo para a evolução do setor eletroeletrônico no Brasil. Uma novidade introduzida em todas as reuniões é a apresentação de um vídeo com os principais eventos, temas e acontecimentos do período, o que tem tornado mais dinâmica a discussão dos assuntos de interesse. A Abinee se orgulha de representar um setor estratégico que reúne empresas de tecnologias inovadoras para a economia brasileira. Espero contar com todos para que, juntos, possamos fazer com que o setor eletroeletrônico exerça seu protagonismo e assim possamos fortalecer ainda mais as potencialidades do nosso País. Presidente do Conselho de Administração da Abinee e do Sinaees-SP Claudio Lorenzetti MENSAGEM DO CONSELHO
10 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 O presidente-executivo da Abinee, Humberto Barbato, participou, em junho, de reunião da Coalizão Indústria com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado de representantes de associações industriais. Na ocasião, Barbato apresentou dados e perspectivas do setor, além de destacar a necessidade da aprovação da regulamentação da Reforma Tributária. Também expôs ao ministro o grave problema do mercado irregular de aparelhos celulares e abordou o Plano de Fomento a Manufatura de Datas Centers e seu impacto na produção de equipamentos de grande porte na área de informática, a partir da alteração do Imposto de Importação e eliminação de alguns ex-tarifários. A Abinee participou, juntamente com um grupo de empresários, das articulações coordenadas pela CNI junto ao governo e ao Congresso contra a Medida Provisória (MP) 1.227, publicada em 4 de junho, que proibia a utilização de créditos de PIS/Cofins para pagamento de débitos das próprias empresas de outros tributos federais, inclusive os previdenciários, e veda o ressarcimento, em dinheiro, de saldo credor decorrente de créditos presumidos de PIS/Cofins. Como resultado deste trabalho, a MP foi rejeitada (parcialmente) pelo Congresso Nacional, minimizando os impactos negativos para o setor eletroeletrônico e para a indústria em geral. EM FOCO Reunião com Haddad Devolução da MP 1.227
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 11 O presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, assumiu a presidência rotativa da Alainee (Associação Latinoamericana da Indústria Elétrica e Eletrônica) para o período 2024-2025. A posse ocorreu durante a Assembleia Ordinária da entidade, em Montevidéu, no Uruguai. O assessor de Relações Internacionais da Abinee, Mário Branco, foi eleito para o cargo de vice-presidente. A Alainee é a principal entidade internacional do segmento eletroeletrônico do Mercosul, com o objetivo de promover o desenvolvimento competitivo da indústria, a defesa de seus interesses legítimos, promovendo a complementação industrial entre seus membros, sua integração em comunidades locais e regionais e internacionais. A Abinee realizou, no dia 6 de agosto, reunião da área de Telecomunicações com as participações do CEO da EAF (Entidade Administradora da Faixa), Leandro Guerra, e do Assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Marcos Baeta. Na pauta do evento, foram abordadas as atualizações do cronograma de limpeza das faixas de espectro para 5G, a agenda da Anatel dos Leilões de faixas, além das perspectivas e planejamento para a tecnologia 6G. A abertura do evento foi realizada pelo vice-presidente do Conselho da Abinee e diretor de Dispositivos Móveis, Luiz Claudio Carneiro, e teve coordenação do diretor do Grupo Setorial de Telecomunicações, Wilson Cardoso. À frente da Alainee Avanços do 5G
12 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 O presidente do Inmetro, Marcio Brito, acompanhado de toda a diretoria do Instituto, reiterou o compromisso de envidar esforços para a vigilância de mercado e a coibição de produtos irregulares no comércio. O órgão vai utilizar a inovação tecnológica para garantir o cumprimento de requisitos de desempenho e segurança dos produtos oferecidos ao mercado consumidor, com foco em sustentabilidade ambiental e bem-estar da população. A manifestação ocorreu durante o evento “Diálogo com o setor produtivo”, realizado em maio, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com a participação de diversas entidades empresariais. O Grupo de Gestão emP&D da Abinee, formado por representantes de empresas associadas e institutos de pesquisa associados ao IPD Eletron, realizou em junho, reunião conjunta com representantes do MCTI, para debater proposta da nova Portaria que regulamenta os Fundos de Investimentos em Participações (FIP), no âmbito da Lei de TIC. A reunião contou com as participações do coordenador-geral de atração de investimentos do MCTI, Arthur Pullen, e do coordenador-geral de inovação digital do MCTI, Rubens de Souza, além de mais de 100 representantes de empresas do setor, que puderam apresentar sugestões de aprimoramento da Portaria. EM FOCO Vigilância de mercado Portaria de FIP
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 13 No início de julho, o Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo), autarquia do Governo do Estado, vinculada à Secretaria da Justiça e Cidadania, realizou a Operação Motores Eficientes. A operação de fiscalização realizada no comércio da capital, Campinas, Santo André e São José do Rio Preto focou a revenda de motores usados/remanufaturados que, em sua grande maioria, não atendem às regulamentações atuais, e por isso não poderiam mais estar sendo comercializados, independente da marca. Em apoio à iniciativa do Movimento Brasil Competitivo e da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, representantes da Abinee participaram do Fórum de Competitividade 2024, realizado no mês de julho, em Brasília. O evento abordou como a digitalização da economia é chave no impulsionamento da competitividade da indústria brasileira. Na ocasião, o senador Marcos Pontes (PL-SP), representante da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica, apresentou sua visão otimista quanto à presença da inteligência artificial no mercado de trabalho, para promover inovação, ampliar a produtividade e estimular o crescimento econômico. Motores Eficientes Brasil Competitivo
14 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 A Abinee mudou a forma de realização de suas reuniões periódicas para permitir uma maior proximidade com as empresas associadas. As Plenárias passaram a acontecer de forma presencial e as reuniões de conjuntura econômica, de forma online. A 1ª Plenária da nova gestão, realizada em 6 de junho, discutiu temas relevantes para o setor, como a Lei de TICs e o mercado irregular de celulares, além de abordar o andamento da Reforma Tributária com a participação de Mário Sérgio Telles, da CNI. Já a 2ª Plenária, em 8 de agosto, focou no desenvolvimento sustentável da Região Amazônica. Marcelo Thomé, presidente do Instituto Amazônia+21, apresentou a FAIS – Facility de Investimentos Sustentáveis, uma plataforma que conecta empresas regionais a cadeias de valor, destacando a importância da inclusão socioeconômica dos 30 milhões de habitantes da região. Ademir Brescansin, da Green Eletron, também tratou dos avanços na logística reversa de produtos eletroeletrônicos e as metas para 2025. Ambas as reuniões foram conduzidas pelo presidente do Conselho, Claudio Lorenzetti. Em paralelo, a Abinee realizou duas reuniões de conjuntura econômica. A primeira, em 13 de junho, apresentou um panorama do desempenho do setor eletroeletrônico, destacando um crescimento de 8,7% na produção física e um aumento de 10 mil postos de trabalho. Celso Martone, diretor de Economia da Abinee, alertou para os riscos fiscais decorrentes do aumento da dívida pública. A segunda reunião, em 15 de agosto, abordou as perspectivas econômicas para 2024 e 2025, ressaltando tanto os desafios fiscais do Brasil quanto as perspectivas de crescimento da produção industrial em alinhamento com o PIB. Esses eventos refletem o compromisso da Abinee em promover uma visão integrada de desenvolvimento econômico e sustentabilidade, contribuindo para a evolução do setor eletroeletrônico no Brasil. MAIS PRÓXIMA DOS ASSOCIADOS Além disso, a entidade realizou até o momento duas reuniões com os integrantes do novo Conselho de Administração, para debater os temas em andamento pelo setor e traçar estratégias que atendam às demandas de associadas e às bandeiras da entidade. Uma novidade introduzida em todas as reuniões realizadas é a apresentação de um vídeo com os principais eventos, reuniões e acontecimentos do período, o que tem tornado mais dinâmica a discussão dos assuntos de interesse. Reuniões periódicas trazem novos recursos de interação com participantes Mário Sérgio Telles, diretor da CNI INSTITUCIONAL
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 15 SETE 2024 | E I I EE 15 INSTITUCIONAL
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SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 17 Recentemente, a Abinee preparou um documento com propostas que objetivam contribuir com as recentes discussões sobre a necessidade de reindustrialização do Brasil. O trabalho, disponível na íntegra em nosso site, coloca como imprescindível a criação de um ambiente macroeconômico para que o Brasil possa desfrutar das possibilidades trazidas pelo acelerado processo de digitalização da economia e de seus consequentes ganhos econômicos e sociais para o País. Nesta edição, destacamos matérias sobre 3 pontos elencados no documento, que podem ser considerados bandeiras que norteiam todo o trabalho da entidade. São eles: - Reforma Tributária - Política de Estímulos para produção local de componentes - Lei de TICs (Lei de Informática) A Reforma Tributária foi indicada pelos nossos associados como um dos principais itens do Custo Brasil, que afetam a atividade produtiva. Por esse motivo, a Abinee vocalizou esta demanda em diversos fóruns e a expectativa é de que a Reforma traga eficiência AS BANDEIRAS DA ABINEE econômica, melhoria no ambiente de negócios e aumento da competitividade ao eliminar a cumulatividade de resíduos tributários, desonerar a exportação e, sobretudo, acabar com a exótica e absurda tributação sobre os investimentos, sendo um verdadeiro trunfo para a reindustrialização efetiva do País. A Abinee, tendo acompanhado todas as discussões que resultaram na aprovação da Reforma, continuará totalmente engajada no tema junto à Frente Parlamentar Mista da Indústria Eletroeletrônica, notadamente nos debates sobre a regulamentação, onde será estabelecida a forma de manutenção do equilíbrio comparativo. Outras duas bandeiras da entidade são a Política Nacional de Semicondutores (Padis) e a Lei de TICs. cuja prorrogação foi recentemente aprovada pelo Congresso Nacional. De modo amplo, a Abinee tem participado ativamente das discussões, junto ao governo federal, sob a coordenação do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para a construção de uma nova Política Industrial. Nesse sentido, o papel da entidade é destacar o protagonismo do setor como forma de desenvolver uma nova estrutura produtiva no País, ambientalmente sustentável e de base tecnológica.
18 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 A Reforma Tributária tem sido um dos principais focos de atuação da Abinee. O tema, que faz parte das bandeiras da entidade, é elencado como decisivo no processo de reindustrialização do País. Para acompanhar os possíveis impactos no setor eletroeletrônico, a Associação vem participando de diversos fóruns de discussão e atuado junto ao Executivo e à Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica para apresentar suas propostas de aperfeiçoamento ao PLP 68/2024, aprovado na Câmara dos Deputados e ora emapreciação pelo Senado. Em julho, o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, participou de Audiência Pública na Câmara dos Deputados do Grupo de Trabalho sobre a regulamentação da reforma tributária PLP 68/2024, para debater os temas Zona Franca de Manaus, Simples e regime específico de compras públicas. Segundo Barbato, a regulamentação proposta pelo PLP 68/2024 preserva as principais características positivas do modelo IVA, estabelecidas pela Emenda Constitucional (EC) 132/2023 para o IBS e a CBS. “Dessa forma, buscou-se na regulamentação assegurar pilares da Reforma como Crédito amplo, aproveitamento amplo dos créditos e ressarcimento ágil dos saldos credores”, disse. Entretanto, o PLP apresenta algumas preocupações adjacentes que carecem de melhor esclarecimento e devidos aperfeiçoamentos. Um dos aperfeiçoamentos ao PL 68, encampados pela CNI e que conta com o apoio da Abinee, diz respeito à redução no prazo que as empresas terão para receber, em dinheiro, os créditos que não conseguirem compensar no pagamento de seus impostos. A reforma prevê um sistema de crédito sem cumulatividade dentro da cadeia produtiva. O imposto pago pelo fornecedor é abatido do imposto devido pelo comprador, até chegar ao consumidor final. A empresa contratante utiliza esses créditos para quitar seus impostos e, caso não os tenha, o projeto de lei estabelece que o ressarcimento em dinheiro ocorrerá em até 75 dias. “Esse prazo é muito longo e levará ao aumento do custo de produção, fazendo com que as empresas busquem empréstimos para financiar seu capital de giro enquanto aguarda a devolução dos impostos pelo Executivo”, afirmou o presidente executivo da Abinee. No entendimento da indústria, é possível que o ressarcimento ocorra em 45 dias. “Importante lembrar que em países como França e Irlanda a devolução ocorre em 22 e 24 dias, respectivamente. Isto será possível pela criação do sistema de “Split Payment”, no qual o imposto será quitado e dividido automaticamente entre os entes da federação ao pagar a nota fiscal. Esse modelo permitirá um recolhimento mais rápido dos saldos credores, minimizando problemas de acúmulo”, explicou. ATENÇÃO À REFORMA TRIBUTÁRIA Uma das principais bandeiras da entidade, tema é elencado como decisivo para a reindustrialização Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee CUSTO BRASIL
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 19 Durante a audiência, Barbato destacou as discussões do GT-Tributário criado pela Associação para debater o PLP. Este grupo contempla três Comitês sendo dois sobre Normas Gerais e um referente à Zona Franca de Manaus. Os trabalhos dos Comitês estão focados na elaboração de propostas que aperfeiçoem o texto do PLP para serem apresentadas à Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica. O GT tem avaliado diversos tópicos, propondo sugestões em temas ligados à não cumulatividade plena; acúmulo de saldos credores; operação de Split Payment e seu impacto no direito aos créditos; retirada da restrição da concessão de crédito presumido aos eletroeletrônicos em logística reversa. Merece destaque a preocupação da entidade com a manutenção do equilíbrio competitivo entre os produtos fabricados dentro e fora da Zona Franca de Manaus, bem como o acesso aos recursos do Fundo de compensação dos benefícios de ICMS. GT-Tributário da Abinee CUSTO BRASIL
20 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 CAPA
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 21 O governo federal sancionou em setembro a Lei 14.968/24, que estende os benefícios da Lei de TICs e do Padis. O texto é a junção do PL 13/20 com o PL 719/24, da Frente Parlamentar Mista da Indústria Elétrica e Eletrônica e autoria de 74 deputados, aprovado pelo Congresso Nacional. A sanção ocorreu no evento “Nova Indústria Brasil – Missão 4: Indústria e Revolução Digital”, no Palácio do Planalto. IMPORTANTE VITÓRIA | I I CAPA
22 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 Uma vitória muito importante para a indústria elétrica e eletrônica do Brasil. Assim o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, definiu a sanção da Lei 14.968/24, que estende os benefícios da Lei de TICs e do Padis, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia do programa “Nova Indústria Brasil – Missão 4: Indústria e Revolução Digital”, no Palácio do Planalto, no dia 11 de setembro. Durante o evento, que contou com a presença de ministros, parlamentares e de representantes de entidades industriais, o vice-presidente e ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, também fez uma série de anúncios de diversas medidas relacionadas à transformação digital da indústria brasileira. A lei sancionada prorroga as políticas de TICs e o Padis, prevendo a manutenção da totalidade dos incentivos até 2029, com a consequente retirada do mecanismo de redução gradual do estímulo, que ocorreria a partir de 2025, a chamada “escadinha”. Contempla também a adequação do crédito para a TECNAC – tecnologias nacionais. Hoje, em relação às tecnologias desenvolvidas no País, as indústrias recebem crédito financeiro de 13,65%. Com a esperada sanção da nova lei, o crédito para TECNAC passará para 15% no Centro-Sul e para 17% nas demais regiões. E institui ainda o Programa Brasil Semicondutores – Brasil Semicon, que estimula a indústria desses componentes no País. Em seu pronunciamento na cerimônia de sanção, o presidente executivo da Abinee destacou o empenho e colaboração dos Ministérios aos quais a Abinee manteve contato ao longo do ano para tratar do tema e ressaltou a atuação do Legislativo para a aprovação da matéria, com destaque para os deputados Vitor Lippi e André Figueiredo. “Conseguimos chegar a esse momento em tempo hábil para solucionar problemas que vínhamos vivenciando”, afirmou. Dirigindo-se ao presidente Lula, Barbato lembrou que a Lei de TICs é a mais perene política industrial no País, contribuindo para a existência de mais de 300 Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) espalhados em todo território nacional, em função das contrapartidas de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, além de posicionar o Brasil como o maior produtor de computadores e celulares depois da China. Ele destacou também a prorrogação do Padis e a criação do Brasil Semicon, essenciais para a indústria 4.0 e para CAPA
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 23 A aprovação do PL 13/20 foi fruto de uma intensa atuação da Abinee durante o ano junto ao Congresso Nacional. O marco inicial destas tratativas ocorreu no mês de março em café da manhã realizado pela Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica, em Brasília, que contou com a presença parlamentares, além de diversas representações da indústria nacional, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Institutos de Pesquisa. Atuação da Abinee a transformação digital. “Podemos sair de uma situação na qual os semicondutores são os itens mais pesados na pauta de importação para sermos exportadores”, disse. O objetivo do Brasil Semicon é posicionar o Brasil como fornecedor preferencial na cadeia destes insumos, intensificando a produção do chamado ‘back end’, que são as etapas fabris de encapsulamento e testes, entre outras, áreas para as quais o Brasil possui know-how e capacidade instalada, além de incentivar etapas de ‘front end’, promovendo maior concorrência no mercado a fim de propiciar preços mais atrativos. “A adoção de políticas nesse sentido é chave para que o Brasil tenha domínio tecnológico e alcance a plenitude das possibilidades da transformação digital da economia”, afirma. Geraldo Alckmin considerou a aprovação um “grande passo para a neoindustrialização do Brasil, aproveitando as janelas de oportunidades que se abrem num mundo que passa por grandes transformações”. Ele destacou também a importância do Programa Brasil Semicondutores para toda a cadeia produtiva. “Nossa indústria de semicondutores dará um salto de qualidade em um setor tecnológico de ponta e estratégico para nosso desenvolvimento, e poderá se tornar mais competitiva no cenário internacional”. Além de Alckmin, participaram também da cerimônia de sanção os ministros Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão), Fernando Haddad (Fazenda), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). A Política de TICs é um instrumento crucial na política industrial brasileira, desempenhando um papel fundamental na estruturação e manutenção de um parque industrial robusto e uma série de centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico no campo da informática e telecomunicações. Essa lei tem contribuído para posicionar o Brasil como um dos 10 maiores fabricantes de eletroeletrônicos e o quarto maior produtor mundial de bens de informática, gerando um faturamento superior a R$ 140 bilhões anualmente. A continuidade dessa política é essencial para manter o fluxo de investimentos no desenvolvimento tecnológico do setor, mobilizando mais de R$ 2 bilhões por ano em investimentos em pesquisa e desenvolvimento. CAPA A Abinee também realizou diversas reuniões com membros do Executivo, como forma de pedir apoio para que a matéria fosse votada com celeridade. Entre esses encontros, destaque para audiência com o vice-presidente Geraldo Alckmin, com o secretário executivo do MDIC, Marcio Elias, e com o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços (SDIC), Uallace Moreira Lima. O tema também foi tratado com a ministra Luciana Santos, e com o senador Astronauta Marcos Pontes.
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SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 25 Presidente da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica. Deputado Vitor Lippi Durante a cerimônia do “Nova Indústria Brasil – Missão 4: Indústria e Revolução Digital”, o governo federal anunciou R$ 186,6 bilhões em investimentos públicos e privados para indústrias de alta tecnologia, como internet das coisas (IoT), inteligência artificial, semicondutores e Big Data. Do valor total anunciado, R$ 42,2 bilhões já foram alocados pelo setor público, e outros R$ 58,7 bilhões que serão direcionados. Já o setor privado anunciou R$ 85,7 bilhões em investimentos. R$ 186,6 BILHÕES em investimentos CAPA Fundamental para o crescimento do setor A aprovação da lei é uma vitória importantíssima, fruto de muitos meses de mobilização. A Política de TICs é uma das leis que mais deu certo nesse Brasil, fundamental para o crescimento do setor eletroeletrônico, e que posicionou o País como um dos maiores produtores eletroeletrônicos do mundo. Esse arcabouço corria o risco de começar a se encerrar já no ano que vem, gradativamente, o que trouxe uma grande insegurança e um grande risco para esse setor que traz tantas riquezas e que oferece tantos empregos de qualidade. Mas, felizmente, a mobilização aconteceu, a gente trabalhou muito junto ao Executivo e no Parlamento. Valeu a pena e agora é hora de agradecer ao amigo Humberto Barbato e equipe, e ao nosso deputado André Figueiredo, essencial nas articulações políticas. Também é uma alegria termos aprovado a nova Lei de Semicondutores no Brasil, muito melhor do que a que nós tínhamos. Agora temos pela frente outros desafios, como a Reforma Tributária. Além disso, a previsão é de que o BNDES e Finep disponibilize recursos para transformação digital de micro, pequenas e médias empresas industriais, dentro do programa Brasil Mais Produtivo, com recursos iniciais de R$ 160 milhões para as chamadas smart factories e outros R$ 400 milhões para planos de digitalização, totalizando R$ 560 milhões. Segundo o governo, também entra nessa conta o lançamento das Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCD) do BNDES, que vão incrementar R$ 30 bilhões às ações do banco nesse período. A meta do governo federal é atingir 50% de digitalização nas indústrias brasileiras até 2033, com meta intermediária de 25% em 2026. Atualmente, o percentual é de 18,9%, segundo o MDIC. Para atingir a digitalização, segundo a métrica da pasta, é preciso atender três das seis tecnologias entendidas como relevantes para a transformação digital: serviços em nuvem, ERP/CRM, Big Data, robôs de serviço, internet das coisas e inteligência artificial.
26 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 A implementação de uma política industrial robusta é uma questão de sobrevivência para o Brasil e a reindustrialização do País deve ocorrer em bases mais modernas de desenvolvimento. Esta é a recomendação da CNI, de todas as federações estaduais de indústria e de 74 associações industriais, entre elas a Abinee, que consta da Declaração pelo Desenvolvimento da Indústria e do Brasil. O documento foi entregue ao vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, ministro da Casa Civil, Rui Costa, ministro das Comunicações, Juscelino Filho, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante a cerimônia de entrega da medalha da Ordem do Mérito Industrial, no final de maio. PELA REINDUSTRIALIZAÇÃO A declaração conjunta afirma que a indústria continua a ser um setor estratégico, com atuação decisiva para impulsionar a economia e fortalecer as cadeias de valor, pelo papel central no desenvolvimento tecnológico, na criação de empregos de qualidade e na produção de riqueza. No documento, CNI, federações e associações destacam que o parque industrial brasileiro é diverso, integrado e capaz de acelerar um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social mais sustentável e inclusivo. Além disso, os recursos naturais do Brasil, juntamente com os ativos em energia renovável, colocam o Brasil em posição privilegiada liderar o novo paradigma de descarbonização e economia verde. Ação conjunta liderada pela CNI busca fortalecimento da indústria POLÍTICA INDUSTRIAL
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 27 O setor industrial propõe 10 princípios orientadores para impulsionar a agenda nacional de desenvolvimento: 1 Nova Indústria Brasil (NIB) como centro da agenda nacional de desenvolvimento Descarbonização e powershoring Energia e transportes mais baratos e eficientes Inserção internacional pragmática Recursos Humanos capacitados para a nova economia Qualidade regulatória Confira a íntegra do documento Recursos em quantidade e a custo competitivo nos financiamentos do Plano Mais Produção Sistema tributário moderno e eficiente Menor custo de capital para garantir competitividade Inovação industrial para a transformação digital e a transição energética 6 2 7 3 8 4 5 10 9 | I I POLÍTICA INDUSTRIAL
28 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 A massiva entrada de celulares irregulares contrabandeados no País via marketplaces pode estar com os dias contados. Uma série de ações recentes, adotadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e pelo Legislativo, estão fechando o cerco contra a prática criminosa. O volume de celulares vendidos ilegalmente no Brasil mais do que dobrou em apenas um ano. De acordo a IDC, empresa líder global em inteligência de mercado, consultoria e eventos para a indústria de TIC, a quantidade de aparelhos ilegais passou de 10% do mercado total de telefones celulares no Brasil em 2022 para 25% no último trimestre de 2023. Conforme estimativa da Abinee, foram vendidas 10,9 milhões de unidades de smartphones, de forma ilegal, no País em 2023. A Abinee estima que 90% do total de smartphones contrabandeados hoje no Brasil sejam vendidos via marketplaces, com valor 38% abaixo do vendido no mercado oficial, diferença decorrente do não recolhimento de impostos. A estimativa é de que o governo federal deixará de arrecadar R$ 4 bilhões só em 2024 devido à evasão fiscal com esta irregularidade no comércio eletrônico. Em função deste crescimento alarmante, que impacta negativamente na geração de empregos e investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento, a Abinee tem atuado junto a diversos órgãos governamentais, como Anatel, Senacon, Receita e Polícia Federal, defendendo a adoção de medidas para coibir esta prática. Além das ações institucionais, a Associação também se manifestou, desde o início do ano, junto à mídia, como forma de alertar à sociedade sobre o crescimento deste mercado ilegal. Em março, foi realizada Coletiva de Imprensa com a presença dos principais veículos, como Agência Estado, Reuters, UOL, O Globo, Valor Econômico, entre outros. Foram publicadas mais de 150 matérias, com destaque para duas reportagens de abertura do Jornal da Record. As ações subsequentes também foram destaques na mídia. FECHANDO O CERCO Governo intensifica combate a ilegalidade no comércio de celulares MERCADO IRREGULAR
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 29 Decisão da Senacon Além da coletiva, a Abinee se manifestou sobre a decisão da Senacon que obriga os marketplaces a tirarem de circulação anúncios dos 50 maiores vendedores de smartphones contrabandeados nestes marketplaces. Esta é uma ação importante no combate a comercialização de telefones irregulares, que atualmente está concentrada nos marketplaces. A iniciativa também é resultado de intensos esforços da Abinee junto ao órgão governamental. “Estas ações são fundamentais para erradicarmos esta prática que está se generalizando e tomando proporções inaceitáveis”, afirma Humberto Barbato. Segundo ele, a Associação conseguiu demonstrar o grave problema e a concorrência desleal desses produtos que são importados majoritariamente via Paraguai, que não possuem certificação da Anatel, não têm garantia dos fabricantes nem assistência técnica, e não passam em testes de segurança nem de funcionamento, o que, além de irregular, prejudica os consumidores, muitas vezes levados a comprar os produtos com base em informações enganosas divulgadas pelos marketplaces. “Esperamos ver em breve o fim deste absurdo”. Medida Cautelar No mês de junho, a Anatel publicou medida cautelar, como forma de coibir as vendas de aparelhos celulares contrabandeados via marketplaces. A medida prevê multas e até mesmo o bloqueio dos portais no Brasil em caso de reiterado descumprimento da obrigação de remover anúncios irregulares. “Temos denunciado essa prática ilícita junto à Anatel desde o ano passado. A Agência já havia feito diversas tentativas de diálogo com as plataformas e algumas, mesmo cientes da situação, nada fizeram. Diante disso, essa ação enérgica da Anatel é mais do que necessária para erradicarmos esse absurdo e esperamos que seja cumprida”, observa o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato. A decisão tomada pelas superintendências de Outorgas e Recursos à Prestação, Fiscalização e de Controle de Obrigações também torna compulsório a adoção do código de procedência (EAN) nos anúncios publicados pelas plataformas. Além das medidas adotadas pela Senacon e Anatel, a Polícia Federal e Receita Federal também estão intensificando operações em várias regiões do País, como forma de coibir o descaminho de aparelhos celulares, deflagrando apreensões no Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Maranhão, Goiás entre outros estados. MERCADO IRREGULAR
30 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 Após meses de negociações e ajustes no planejamento estratégico para alinhamento às novas diretrizes, que incluem temas como equidade de gênero, sustentabilidade e desenvolvimento econômico de estados do Norte e Nordeste do Brasil, o Convênio foi aprovado e receberá aporte de R$ 9 milhões para fomentar as exportações do setor eletroeletrônico dos mercados alvos: Estados Unidos, México, Colômbia, Argentina, África do Sul e Emirados Árabes Unidos. Esta é a sexta edição da parceria com a Abinee e já apresenta um calendário intenso de ações de promoção comercial no exterior. A assinatura do novo convênio ocorreu em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília, com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin; do PROJETO RENOVADO Parceria entre Abinee e a ApexBrasil é renovada até julho de 2026 COMÉRCIO EXTERIOR ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e do presidente do Sebrae, Décio Lima. O evento contou com a presença do presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato. O projeto é direcionado para as 6 (seis) verticais de vocação exportadora (automação industrial, GTD, equipamentos industriais, segurança eletrônica, materiais elétricos de instalação e radiodifusão) e contempla oportunidades como: rodadas de negócios direcionadas; feiras internacionais; workshops temáticos; estudos de mercados; capacitações; internacionalização e projeto comprador que acontecerão em novembro deste ano, em Recife e durante a edição da feira FIEE, em 2025. No ano passado, as empresas apoiadas pelo projeto geraram mais de US$ 1,2 bilhão em exportações para o País.
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 31 “O setor eletroeletrônico brasileiro apresenta empresas com uma vasta linha de produtos que compõem a cadeira e são referências dentro e fora do País. Com a renovação do projeto, as empresas poderão usufruir da parceria com a Apex, tanto para promover seus negócios e conquistar novos clientes internacionais, como gerar empregos e capital tecnológico para o Brasil”, afirma a gerente de Relações Internacionais da Abinee e coordenadora do projeto, Monique Morata. Para participar do projeto de exportações da Abinee, faça a inscrição de sua empresa preenchendo e assinando eletronicamente o Termo de Adesão, em seguida envie para o e-mail export@abinee.org.br. O Termo de adesão não implica em nenhum compromisso financeiro ou legal, apenas formaliza a participação das empresas associadas Abinee no projeto vigente, em parceria com a ApexBrasil. Inscreva-se agora! VEJA AS FEIRAS INTERNACIONAIS EM 2025 QUE SUA EMPRESA PODERÁ PARTICIPAR: Distributech (25 a 27/03/2025) - Dallas, Estados Unidos ISC West (01 a 04/04/2025) – Las Vegas, Estados Unidos Nab Show (06 a 09/04/2025) – Las Vegas, Estados Unidos Middle East Dubai (07 a 09/04/2025) – Dubai, Emirados Árabes Unidos Enlit África (20 a 22/05/2025) – Cidade do Cabo, África do Sul Expo Eléctrica (03 a 05/06/2025) – Cidade do México, México Fise Colombia (11 a 13/11/2025) – Medellín, Colômbia | I I COMÉRCIO EXTERIOR
32 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 Dados recentes do 4º Global E-Waste Monitor, estudo da ONU – UNITAR em colaboração com o ITU (International Telecommunication Union) e a Fundação Carmignac, mostram que, em 2022, foram geradas 62 milhões de toneladas de lixo eletrônico em todo mundo, 82% a mais do que em 2010. A informação, isoladamente, já causa espanto - embora não seja exatamente uma surpresa. Entretanto, a situação se agrava porque apenas 22% foram reciclados, ou seja, pouco mais de 13 milhões de toneladas realmente tiveram uma destinação ambientalmente correta, direcionando insumos já extraídos para a produção de novos itens, e evitando uma nova exploração da terra. Entre as Américas, o Brasil é o 2º maior gerador desse tipo de resíduo, atrás apenas dos Estados Unidos. Diante da demanda crescente da sociedade por eletroeletrônicos a logística reversa tem se tornado ainda mais urgente. Para ajudar empresas, governo e sociedade na criação de alternativas para lidar com a coleta e reciclagem adequada do lixo eletrônico, a Abinee criou, em 2016, a Green Eletron. A entidade sem fins lucrativos, considerada hoje a principal na área de atuação, opera um processo robusto de logística reversa de itens eletroeletrônicos e pilhas, com foco nos consumidores domésticos. A organização apoia as empresas no atendimento da lei 12.305/10 PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos, por meio da gestão de um sistema coletivo, em que representa um grupo de fabricantes, importadores e distribuidores que devem garantir a reciclagem dos seus produtos. Atualmente, 114 associadas estão na Green Eletron e financiam a operação, enquanto a entidade fica responsável por gerenciar a coleta, o transporte, a desmontagem e a reciclagem dos produtos entregues pelos cidadãos nos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), transformando-os em novas matérias-primas para a indústria. METAS ALCANÇADAS Resultados da Green Eletron ultrapassam o previsto pelo terceiro ano consecutivo LOGÍSTICA REVERSA
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 33 O Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos e seus acessórios, assinado no final de 2019 e transformado no Decreto Federal nº 10.240 em 2020, prevê metas anuais de coleta e de instalação de PEVs para o descarte. O documento define que as empresas, individual ou coletivamente, devem, gradualmente (de 2021 até 2025), instalar mais de 5 mil coletores nas 400 maiores cidades do Brasil e destinar uma porcentagem (em peso) dos produtos inseridos no mercado em 2018, ano definido como base. Em 2024, a meta é de 12% e cresce progressivamente até chegar a 17% em 2025. Os resultados da Green Eletron de 2023 foram entregues aos órgãos federais recentemente e os dados não poderiam ser mais positivos. Pelo terceiro ano consecutivo, desde que o Acordo Setorial entrou em vigor, a Green Eletron ultrapassa as metas previstas, graças a um trabalho intenso que vai além da operação, incluindo a conscientização dos consumidores, já que a logística reversa não começa sem a participação dessas pessoas. É o que faz por meio do movimento “Eletrônico Não é Lixo”, desde 2020, em diversos canais de comunicação, como redes sociais e imprensa. Apenas no ano passado, foram enviados para a reciclagem 4.279 toneladas de equipamentos eletroeletrônicos e 161 toneladas de pilhas e baterias. A meta geográfica, que diz respeito à quantidade de cidades atendidas, também foi cumprida, fechando o período com 1.281 PEVs instalados. Com isso, 305 municípios, em todos os estados brasileiros, contam com coletores da Green Eletron disponíveis para o descarte correto. No total, desde 2016, a gestora já garantiu a reciclagem de quase 11 mil toneladas de eletroeletrônicos, pilhas e baterias, evitando novas extrações de matérias-primas e incentivando o mercado como um todo. 4.279 2023 1.281 161 305 toneladas de equipamentos eletroeletrônicos reciclados PEVs instalados toneladas de pilhas e baterias municípios com coletores SETE BR 2024 | RE IST BI EE 33 LOGÍSTICA REVERSA
34 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 Indicadores da indústria elétrica e eletrônica aponta para resultados positivos no ano, mas empresas mantém cautela em relação à economia. 13,3 mil POSTOS DE TRABALHO (SEMESTRE) 1% DE AUMENTO NAS EXPORTAÇÕES (ATÉ JUNHO) DAS EMPRESAS PROJETAM CRESCIMENTO PARA 2024 9,2% DE CRESCIMENTO NA PRODUÇÃO (SEMESTRE) 69% SETOR EM NÚMEROS
SETEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 35 Os principais indicadores do setor eletroeletrônico apresentaram resultados positivos no primeiro semestre de 2024. Mesmo diante de incertezas em relação à economia e cautela por parte das empresas, os dados de produção, emprego e exportações apontam para um cenário de expansão. No 1º semestre, a produção da indústria elétrica e eletrônica, conforme dados do IBGE agregados pela Abinee, cresceu 9,2% em relação ao igual período de 2023. Este aumento resultou da elevação de 10% da área elétrica e do acréscimo de 8,4% na área eletrônica. Por sua vez, o número de empregados apresentou elevação de 13,3 mil postos de trabalho em relação a dezembro de 2023, totalizando 278,8 mil funcionários. Vale ressaltar que o aumento no número de empregados do setor vem ocorrendo principalmente na área elétrica, com destaque para o segmento de fabricação de equipamentos de distribuição e controle de energia, em função de investimentos nas instalações elétricas das distribuidoras (concessionárias elétricas) e nas instalações industriais. Já as exportações de produtos elétricos e eletrônicos cresceram 1% de janeiro a junho em relação às verificadas no igual período do ano passado, segundo dados da Secex/MDIC agregados pela Abinee. Este resultado contou com a forte desvalorização do Real que vem ocorrendo, principalmente a partir do segundo trimestre deste ano, que aumenta a competitividade da indústria nacional. Por outro lado, a volatilidade na taxa de câmbio também dificulta o planejamento e operações das empresas, elevando custos, reduzindo margens e acarretando possível aumento de preços. Apesar dos resultados positivos, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do Setor Eletroeletrônico, conforme dados da CNI agregados pela Abinee, vem oscilando mês a mês. Os empresários industriais permanecem com expectativas favoráveis em relação ao desempenho das suas próprias empresas para os próximos seis meses, porém continuam prudentes em relação à economia brasileira. O último dado disponível, entretanto, mostra que, no mês de agosto, o ICEI atingiu 51,8 pontos, interrompendo uma trajetória de três quedas consecutivas nos meses anteriores e ultrapassando a linha divisória de 50 pontos, indicando confiança do empresário do setor. O resultado foi puxado pela área elétrica. Expectativas As expectativas são de melhora no desempenho da indústria elétrica e eletrônica para 2024, ainda que as empresas e investidores demonstrem cautela em relação à política fiscal do País, ao cenário internacional e aos impactos das eleições nos Estados Unidos. Sondagem mais recente realizada pela Abinee mostrou que 69% das empresas do setor projetam crescimento para as vendas da indústria elétrica e eletrônica para o ano 2024, 21% esperam estabilidade e 10% preveem queda.
36 REVISTA ABINEE | SETEMBRO 2024 O SOS Indústria Eletroeletrônica, liderado pela Regional da Abinee no Rio Grande do Sul, mobilizou e articulou as empresas do setor para apoiar no processo de reconstrução das indústrias afetadas pelas enchentes de maio no Estado. Segundo o diretor regional, Régis Haubert, a iniciativa cumpriu o seu papel. “Algumas empresas cederam seus parques fabris para que aquelas que foram prejudicadas não interrompessem sua produção. Foi uma iniciativa de cooperação exemplar. Além disso, conversamos com BNDES e Finep para alavancar linhas de crédito especiais”, destacou. Estima-se que cerca de 10 empresas do setor foram diretamente afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Com objetivo de ouvir e entender as dificuldades trazidas por associadas, a Regional do Paraná/Santa Catarina vem promovendo encontros com representantes destas empresas. Em julho, foi a vez da Serdia Eletrônica Industrial e da Circuibras Circuitos Impressos, que se reuniram com o diretor regional, Celso Sertorio, para discutir temas relacionados aos desafios das indústrias do setor. A Regional já recebeu também as associadas Landis+Gyr, Hi-Mix e Bree e entidades como FIEP, Senai PR, Sebrae, e Lactec, possibilitando o compartilhamento de experiências entre os convidados e discussão de possíveis soluções para as demandas apresentadas. REGIONAIS SOS RS Café com associados
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