Revista 104 - Dezembro/2023

4 | Revista Abinee nº 104 | dezembro 2023 Um ano de transição Um ano de transição, assim pode ser definido 2023. O desempenho do setor eletroeletrônico ficou aquém das expectativas, devendo apresentar queda ou, no máximo, estabilidade em seus principais indicadores. As incertezas tanto no cenário interno quanto no externo vêm inibindo os investimentos e paralisando os negócios, acarretando retração em quase todas as áreas. Alguns fatores levaram a essa situação. O primeiro deles é que podemos identificar como uma antecipação de compras, principalmente de bens eletrônicos, durante a pandemia de Covid-19, em razão da necessidade de se atender às demandas de home office e do ensino à distância. Com isso, o setor registrou crescimentos expressivos nos últimos anos, o que não se repetiu em 2023. Para além dessa base de comparação, também foi observada uma forte retração do consumo de forma geral num cenário de restrição de crédito, o que impactou a atividade produtiva e as vendas. O resultado dessa combinação foi um alto nível de ociosidade da capacidade instalada. - beirando os 30%, além de estoques elevados, baixo investimento e estabilidade na geração de empregos. Mesmo com o abrandamento de algumas dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor, principalmente no que se refere à falta de insumos e componentes, custos e gargalos logísticos, o empresário do setor permanece com muitas incertezas. Esta cautela pode ser verificada pelo Índice de Confiança do Empresário Industrial do setor eletroeletrônico que, desde o final do ano passado, vem oscilando próximo da linha divisória de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança. Por outro lado, o copo cheio deste ano tem sido o encaminhamento pelo Executivo e pelo Legislativo de questões fundamentais, que traz expectativas positivas para os próximos anos. Sem dúvida a maior delas é a Reforma Tributária, cercada de grande anseio por parte da indústria. A proposta aprovada pelo Congresso Nacional foi a melhor possível diante dos intensos debates e acomodação de demandas. Há de se observar qual será a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) estipulada na regulamentação da proposta de emenda à Constituição (PEC 45/2019), com riscos de termos o maior IVA do mundo, superando o da Hungria (27%). Entretanto, a expectativa é de que a Reforma Tributária traga eficiência econômica, melhoria no ambiente de negócios e aumento da competitividade ao eliminar a cumulatividade de resíduos tributários, desonerar a exportação e, sobretudo, acabar com a exótica e absurda tributação sobre os investimentos, sendo um verdadeiro trunfo para a reindustrialização efetiva do País. Outros dois indicativos que podemos vislumbrar um novo patamar produtivo é a Política Nacional de Semicondutores e a construção de uma nova Política Industrial, sob coordenação do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. editorial

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