Revista 104 - Dezembro/2023

36 | Revista Abinee nº 104 | dezembro 2023 déficit público e uma taxa de inflação de 90%. O que se seguiu foi crescimento zero do mercado interno no ano de 1984, atingindo todos os segmentos do setor eletroeletrônico. No final daquele ano, entrou em discussão um assunto fundamental para o setor eletroeletrônico: a Lei de Informática, que definia regras para a área e produzia grandes repercussões em todos os setores industriais envolvidos com a tecnologia digital. Durante o processo de discussão sobre a medida, a Abinee foi enfaticamente contra a proposta de reserva de mercado para o segmento. O presidente Firmino Rocha de Freitas proferiu dois pronunciamentos no Congresso Nacional, nos quais marcava o posicionamento da entidade e apontava os equívocos do projeto de lei, antes de ser votado. “Uma indústria como a de informática - com dinamismo de sua evolução tecnológica - não pode prescindir da competição mercadológica, sem grave prejuízo para o usuário. Uma proteção ao mercado de equipamento de nada serve se não se possui tecnologia de produção de circuito integrado ou do chip, que é o componente fundamental de todo o hardware”, disse. Para ele, o Brasil invertia as prioridades, ao proteger excessivamente a informática e abandonando a indústria de componentes. Esta inversão implicou atraso tecnológico e atrapalhou o relacionamento com parceiros do resto do mundo. Anos depois, em 1998, Firmino Rocha de Freitas afirmava: “Foi um erro estratégico do governo e o tempo provou que estávamos certos”. Atuação na transição democrática e na Constituinte O ano de 1985 foi o marco da transição democrática, com o Colégio Eleitoral escolhendo Tancredo Neves para ocupar a presidência da República. Com a morte de Tancredo, José Sarney assumiu o cargo. A nova configuração do poder exigiu uma adaptação na interação da Abinee com as autoridades. Antes centralizada mais no executivo, a atuação da “60 anos de Abinee. Muitos motivos para comemorar. A indústria eletroeletrônica no Brasil avançou muito. Isso é fruto do trabalho da Abinee e da legislação brasileira, que deu uma condição para que pudéssemos competir com o restante do mundo. Graças à Lei de Informática e ao trabalho da Abinee, hoje o Brasil é o país, fora da Ásia, que mais produz eletroeletrônicos no mundo.” Deputado Vittor Lippi (PSDB - SP), presidente da Frente Parlamentar Mista para a Indústria Elétrica e Eletrônica Aldo Lorenzetti com o então presidente da República José Sarney

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