O Brasil na economia digital

O BRASIL NA ECONOMIA DIGITAL 29 Outro dogma diz respeito à noção de que o Brasil já possui a matriz elétrica mais renovável do mundo e por isso não faz sentido ter políticas públicas de descarbonização. Os defensores deste dogma se esquecem que a expansão, principalmente, pelas usinas eólicas e solar dependem do comportamento dos ventos e do sol, e, portanto, não são controláveis. Por isso, a orquestração de seu funcionamento seguro depende de sistemas avançados de gerenciamento e controle, por meio de ferramentas de tempo real do lado da oferta e da demanda. O terceiro dogma é que a regulação deve assegurar a modicidade tarifária, que é priorizada pelos consumidores. Mais do que modicidade, a sociedade, na verdade, deseja que os preços sejam previsíveis no longo prazo e que o consumidor de energia tenha opções de suprimento, por meio de tarifas e serviços que melhor atendam às suas necessidades. A pandemia fortaleceu a transformação das residências em locais multiuso, ampliando a dependência por eletricidade e conectividade. A digitalização, portanto, é um caminho sem volta, permitindo o acesso da população a tecnologias que promovam eficiência energética, previsibilidade de preços, opções de suprimento de energia, tarifas e serviços, além do melhor enfrentamento das mudanças climáticas. Nesse sentido, a definição de uma política pública estruturada para a modernização efetiva da infraestrutura de transmissão e distribuição de eletricidade no Brasil é prioritária e urgente. 4.3. CRISE DE SEMICONDUTORES Outro tema premente que vem dominando a pauta econômica é a escassez mundial de componentes que impacta a produção da indústria elétrica e eletrônica, mas também de outros setores, como o automotivo, que passam cada vez mais a agregar a eletrônica em seus processos, produtos e equipamentos. A crise de componentes e semicondutores e o desarranjo das cadeias produtivas demonstrou a vulnerabilidade de diversos segmentos em relação a esses insumos. A Abinee tem acompanhado de perto esse tema por meio de sondagens junto às suas associadas. Em pesquisa recente, 55% das empresas consultadas acredita que a regularização do quadro de escassez global de semicondutores só vai acontecer em 2023.

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