Abinee Tec 2019: Pronunciamento Humberto Barbato

24/07/2019

Senhoras e senhores, bom dia!

Sejam todos bem-vindos à abertura do Abinee TEC 2019, evento que compreende Fórum e seminários e que tradicionalmente realizamos simultaneamente à FIEE, em sua 30ª edição, a maior exposição do gênero na América Latina, agora chamada de FIEE Smart Future.

De hoje até sexta-feira, temas de grande relevância para o setor eletroeletrônico e para o país serão discutidos nesse evento, que contará com a participação de especialistas, de representantes do Executivo e do Legislativo, da indústria, de universidades e de institutos de pesquisa.

A revolução digital que o mundo está vivenciando nos últimos anos se espalha por diversos segmentos da economia, provocando uma profunda transformação nos negócios, na disponibilidade de serviços e nas formas de consumo. Pensar em um mundo com milhões de objetos de uso diário conectados entre si é cada vez mais palpável com as novas tecnologias de Digitalização. Esse conceito representa uma nova realidade que também já está presente no setor energético.

O processo de digitalização do setor elétrico é responsável por contribuir com soluções para diversos desafios na geração, transmissão e distribuição de energia. Além de possibilitar ganhos de eficiência, a conectividade torna possível a obtenção e a correlação de informações fundamentais para implementação de novos padrões operacionais.

O futuro chegou e este novo cenário de digitalização coloca a indústria eletroeletrônica no protagonismo da economia como um todo e reforça seu papel estratégico para o desenvolvimento do País.

As soluções para atender à alta na demanda energética e tornar nosso País mais eficiente e sustentável são temas em destaque na FIEE Smart Energy, feira de negócios que reunirá toda a cadeia de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia para debater sobre o novo cenário do setor elétrico do Brasil.

Realizada com o apoio da Abinee, a feira será palco de convenções técnicas, com ilhas de conhecimento focadas nos principais segmentos do setor energético, automação, inovação tecnológica e sustentabilidade.

O Fórum Abinee TEC, que se inicia hoje, destacará os avanços do tema “A Transição Energética e a Digitalização do Setor Elétrico”, que engloba Internet das Coisas, Energias Renováveis, Indústria 4.0, eficiência energética, entre outros. Neste momento, gostaria de ressaltar a importância do setor elétrico como vetor de desenvolvimento do País.

A Abinee integra o Fase – Fórum das Associações do Setor Elétrico, que objetiva melhorar a interlocução das associações que representam os segmentos de geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo de energia. Ao mesmo tempo, temos participado ativamente das discussões para a reformulação do atual modelo elétrico a fim de reestabelecer o equilíbrio entre todos os agentes das várias áreas desse mercado.

Entretanto, meus amigos, temos muitos desafios.

Para que a indústria eletroeletrônica desempenhe suas competências da melhor forma possível, é necessário um ambiente de condições adequadas no Brasil, que garanta a previsibilidade dos investimentos e decisões do setor produtivo. Temos diversos desafios a serem enfrentados nos próximos anos. No âmbito macroeconômico, nossa busca é recuperar a produtividade do País e a melhora nos negócios. Assim, as reformas estruturais são fundamentais para devolver a confiança que propicia a atração de investimentos. Apoiamos a Reforma da Previdência e estamos satisfeitos com o seu encaminhamento. Mas necessitamos ainda da Reforma Tributária, fundamental para a indústria. A carga tributária que recai sobre o setor produtivo onera a produção e as exportações brasileiras. Atualmente vemos manifestações contra renúncias fiscais. Entretanto, elas só existem para corrigir nossa imensa carga tributária e colocá-la num nível adequado. Nesse sentido, a Abinee já apresentou suas contribuições ao governo.

Considerando a 4ª Revolução Industrial, temos um desafio específico — e talvez o maior deles: a reformulação dos Instrumentos de Estímulo ao Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, tendo em vista a decisão da Organização Mundial do Comércio. Como os senhores muito bem sabem, estes Instrumentos, vigentes até 2029, têm exercido papel importante na atração dos principais players mundiais do setor de tecnologia da informação, que geram empregos e investimentos em P&D. Também foram decisivos para criar um ambiente com centenas de pequenas e médias empresas integrantes da cadeia setorial de bens e serviços, além de uma rede de institutos de pesquisa.

A Abinee tem realizado ações junto ao Legislativo e também do Executivo, oferecendo suas contribuições ao governo para uma proposta tributária a fim de preservar as regras estabelecidas. Também estamos contribuindo com as consultas públicas a respeito das alterações dos PPBs.

Nossa premissa é a de fortalecer a indústria em todo o território nacional.

A Abinee representa as empresas da área de Tecnologia da Informação, que compreende indústrias nacionais e os principais players globais, que geram empregos, renda e investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento.

A força dessa indústria é inquestionável. E este evento é uma mostra enfática desse alcance e grandeza.

Trata-se de um setor movido à inovação, independentemente da capacidade produtiva instalada. Isso porque as marcas globais realizam seus lançamentos em nível mundial e precisam sempre estar no estado da arte da tecnologia de ponta. O produto brasileiro, portanto, não é jabuticaba nem fruta amadurecida, mas está em linha com o que há de mais inovador no mercado global.

Assim, as recentes sinalizações do governo no sentido de promover medidas que expõem à indústria brasileira a uma competição pouco isonômica diante de outros países nos preocupam, pois podem colocar em risco a força produtiva.

A Abinee não é contrária à abertura comercial. Temos nos manifestado e voltamos a reafirmar que a indústria não se nega a enfrentar uma concorrência maior com os produtos importados. Entretanto, o tema da abertura comercial deve ser tratado com total transparência para que esta seja feita forma gradual e negociada com o setor produtivo, como já sinalizaram o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa.

Reivindicamos, assim, que medidas que promovam a abertura sejam implementadas paralelamente a outras providências que reduzam o custo de produção no País, como a Reforma Tributária e a melhora da infraestrutura do País.

O Brasil já reúne as características fundamentais de um mercado potencialmente atrativo para investimentos produtivos. Qualquer empresa que pretenda ser líder global deve estar presente no mercado brasileiro, gerando empregos de qualidade, renda e inovação tecnológica. O que precisamos é colocar a casa em ordem para atrair cada vez mais esses investimentos.

Até lá, devemos continuar corrigindo distorções a fim de preservar o parque industrial existente, valorizando nosso estoque de investimentos, ao mesmo tempo em que aprimoramos as condições que ampliem a atração de novos recursos.

Nossa indústria é imprescindível e estratégica para o Brasil diante da economia digital. Abrir mão desse segmento é renunciar a um papel destacado nesse contexto, aprofundando o atual quadro de desemprego e a crise econômica.

Muito obrigado