Abinee lamenta falecimento de Paulo Vellinho

09/09/2022

“Se procurar no dicionário o significado da palavra empresário estará lá o nome de Paulo Vellinho”. A frase do ex-ministro Delfim Netto, por ocasião do lançamento da biografia do líder industrial gaúcho,   resume perfeitamente tanto a importância da sua atuação como empreendedor quanto sua representatividade.

Ex-presidente da Abinee no período de 1989 a 1992,  Paulo D’Arrigo Vellinho, faleceu nesta quinta-feira (8), aos 95 anos.

Empreendedor que comandou a Springer, Vellinho presidiu também a Federação das Indústrias do Rio Grande de Sul (Fiergs) e outras entidades de classe.

Sua história foi registrada no livro “O Realizador de um sonho chamado Springer”, escrito por Mario de Santi, que apresenta a trajetória de um homem ousado.

No final da década de 1940, Vellinho percebeu que o futuro da empresa, então uma simples oficina e varejo de alguns itens de refrigeração, era outro: uma indústria de bens de consumo com tecnologia moderna. Determinado, converteu o sonho em missão e não sossegou até conseguir sua meta, tornando-se um exemplo de empresário criativo e obstinado, à frente de seu tempo.

Sua atuação como empresário e representante industrial foi pautada por três palavras: criatividade, determinação e cidadania.

À frente da Abinee. Vellinho liderou a entidade em momentos decisivos para o setor eletroeletrônico, os quais soube conduzir com firmeza e experiência.

Em 1989, ainda numa fase de grande instabilidade do país, a Abinee, então conduzida por Paulo Vellinho, preparou um importante estudo sobre a grave situação por que passavam os setores de energia elétrica e de telecomunicações. O documento, denominado “Alerta à Nação”, dizia que o Brasil não entraria para o conjunto das grandes nações se deixasse de lado investimentos nos setores básicos como energia e telecomunicações, fato que vinha ocorrendo naquela década. Na mensagem inicial, o presidente da Abinee destacava que “nenhum país se desenvolve sem oferta de energia em níveis suficientes e um sistema de comunicação moderno”. O documento não trazia apenas uma análise crítica sobre a situação, mas propunha uma série de medidas práticas, objetivas e exequíveis. Grande parte dessa análise e das ações elencadas prenunciavam as transformações desses segmentos ocorridas na segunda metade dos anos 90.

Outro tema foi a abertura comercial, promovida pelo governo Collor. A Abinee propunha uma liberalização gradual, em um prazo de cinco anos, acompanhado de crescimento econômico. Advertia que as condições econômicas do Brasil, a vivência de quase 40 anos de inflação que contribuíam para a perda das referências de preço, e os problemas estruturais, colocavam as empresas instaladas automaticamente em desvantagem para competir com as importações. Entretanto, os efeitos da abertura, do jeito que foi realizada [em dois anos e sem expansão industrial], atingiram, em cheio, um setor estratégico: o de componentes elétricos e eletrônicos. O impacto é sentido até os dias de hoje.

Nesta mesma época, um outro acontecimento de grande relevância para o setor eletroeletrônico foi a edição da Lei de Informática, em 1991. Regulamentada em 1993, a lei [que passou por diversas modernizações] tem sido o grande instrumento de política industrial, responsável pela atração e permanência da indústria de TICs no Brasil.

Segundo o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, a vida empresarial de Paulo Vellinho é um exemplo para várias gerações e deixa um legado inestimável na busca de contribuir para um País melhor, com capacidade produtiva, inovação, geração de renda e empregos de qualidade.

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