Desempenho Setorial

Comportamento da Indústria Elétrica e Eletrônica em 2023

Desempenho do Setor
Dados Atualizados em Fevereiro de 2024

Atividade do Setor

O faturamento do setor eletroeletrônico atingiu R$ 204,6 bilhões no ano de 2023, resultado 6% abaixo do realizado em 2022 (R$ 218,2 bilhões).

Neste ano, especificamente, a inflação média do setor foi negativa, de acordo com o IPP – Índice de Preços ao Produtor – divulgado pelo IBGE e agregado pela Abinee.

Portanto, em termos reais, ou seja, descontando a deflação do setor de 1,6%, a indústria elétrica e eletrônica apontou queda de 5%.

O desempenho da indústria eletroeletrônica em 2023 ficou abaixo do esperado. Vale lembrar que no final de 2022, a expectativa era de crescimento de 5% para 2023.

Desde o início de 2023, o empresário do setor mostrou-se cauteloso, com muitas incertezas tanto no cenário interno quanto no externo, o que inibiu os negócios e os investimentos.

Essa prudência também pode ser observada no comportamento do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do Setor Eletroeletrônico, divulgado pela CNI e agregado pela Abinee, que se manteve durante todo o ano próximo da linha divisória de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança. Vale destacar que esse índice ficou abaixo desta linha divisória em alguns momentos de 2023, inclusive no mês de dezembro, em que o ICEI do setor registrou 48,0 pontos, indicando falta de confiança do empresário.

A produção de bens do setor em 2023 caiu 10,6% em relação ao ano anterior. Essa forte queda acompanhou o fraco desempenho da produção de bens de capital, que acumulou retração de 11,1% no ano, conforme dados divulgados pelo IBGE.

Por sua vez, o número de empregados do setor recuou de 267,2 mil para 265,6 mil funcionários, com redução de 1,65 mil postos de trabalho.

A utilização da capacidade instalada passou de 76% em dezembro de 2022 para 73% no final de 2023. Vale destacar que este foi o menor percentual registrado desde junho de 2020 (68%).

Por outro lado, as exportações de produtos eletroeletrônicos aumentaram 8%, totalizando US$ 7,2 bilhões, contribuindo com o desempenho do setor. Destacaram-se os crescimentos nas vendas externas de bens de Automação Industrial (+34%), de bens de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica - GTD (+33%) e de Material Elétrico de Instalação (+24%).

Vale ressaltar que os itens de eletrônica embarcada foram os mais exportados do setor, somando US$ 835 milhões, 10% acima do registrado em 2022.

Por outro lado, as vendas externas de bens de Telecomunicações recuaram 29%, influenciadas pela retração de 56% nas exportações de estações rádio base.

Os principais destinos das exportações do setor continuaram sendo os países da Aladi e os Estados Unidos, que, juntos, representaram 70% do total.

As importações diminuíram 6% em 2023, somando US$ 42,7 bilhões, refletindo a queda da atividade.

Os semicondutores foram os itens mais importados do setor somando US$ 5,2 bilhões, seguidos dos módulos fotovoltaicos, que totalizaram US$ 3,8 bilhões.

Nota-se que as importações de módulos fotovoltaicos caíram 25% em relação ao ano anterior. Porém, é importante destacar que essa queda ocorreu devido à redução de preços internacionalmente, uma vez que as importações destes itens em unidades cresceram 13%, passando de 146 milhões de módulos em 2022 para 164 milhões em 2023, atingindo recorde histórico em unidades.

Ressalta-se também que o montante de semicondutores não se refere somente às importações de um produto, mas sim às compras externas de um grupo de produtos que são classificados como semicondutores, tais como: diodos, transistores, tiristores, circuitos integrados eletrônicos, memórias, etc. Portanto, individualmente, o produto mais importado do setor foi o módulo fotovoltaico, que também ficou na 4ª posição no total geral das importações do Brasil.

Os países da Ásia foram as principais origens das importações de bens do setor, participando com 69% do total, sendo que apenas a China representou 47% do total.

Dessa forma, o déficit da balança comercial atingiu US$ 35,5 bilhões, resultado 8% inferior ao apresentado no ano anterior (US$ 38,6 bilhões). Porém vale destacar que a queda no déficit da balança foi mais influenciada pela retração das importações do que pelo aumento das exportações.

Os investimentos recuaram 6%, totalizando R$ 3,5 bilhões, o que representa 1,73% do faturamento, participação próxima à registrada em 2022 (1,72%).

Desempenho por áreas

O desempenho da indústria eletroeletrônica em 2023 ficou muito abaixo do esperado, mesmo com o abrandamento nas principais dificuldades enfrentadas nos anos anteriores, principalmente no que se refere à falta de matérias-primas e componentes, inclusive os semicondutores, custos, gargalos logísticos, entre outros.

Nota-se que 2023 foi marcado por muitas incertezas da economia, que resultaram na retração de investimentos e do consumo.

Neste último caso, além da antecipação de compras de bens do setor no período da pandemia, outros fatores inibiram o consumo tais como restrição de crédito, endividamento das famílias e inadimplência.

Dessa forma, os resultados foram piores do que o esperado para a maioria dos segmentos do setor.

A área de Informática encerrou 2023 com queda de 16% em relação a 2022. Essa foi a segunda queda consecutiva desta área, porém é importante lembrar que em 2020 e 2021 a área de Informática apontou crescimentos bem expressivos, com aumento acumulado de 78% nestes dois anos, influenciado, principalmente pelo forte aumento de vendas de notebooks para atender à demanda de home office e ensino à distância.

Com isso, já era esperado que a atividade dessa área diminuísse o ritmo entre 2022 e 2023, para voltar a crescer nos anos seguintes, de forma menos expressiva e mais constante. Porém, com o aumento das incertezas, acabou sendo verificada neste último ano uma queda mais intensa do que a projetada.

Ao avaliar em unidades, conforme os dados da IDC, o mercado de notebooks recuou 12% em 2023, atingindo 5,8 milhões de unidades.

O mercado de desktops atingiu 1,9 milhão de unidades, com retração de 5% em relação a 2022 e o mercado de tablets somou 2,2 milhões de unidades, 22% abaixo do verificado no ano anterior.

Diferente do ocorrido em 2020 e 2021, a queda em unidades dos bens de Informática em 2023 foi menos expressiva do que a retração em receita em reais. Este fato ocorreu em função da redução de preços de alguns bens e também devido à aquisição de equipamentos com especificações mais simplificadas, com menos recursos e, portanto, mais baratos.

O faturamento da área de Telecomunicações caiu 21%, devido ao recuo de 25% no mercado de telefones celulares e da redução de 10% no segmento de infraestrutura em Telecomunicações.

Conforme dados da IDC, o mercado oficial de telefones celulares atingiu 33 milhões de unidades em 2023, 13% abaixo do atingido em 2022.

Assim como aconteceu na área de Informática, a retração do mercado de celulares em unidades foi menor do que a queda da receita em reais, também decorrente da redução de preços e da preferência por compra de aparelhos mais baratos.

É importante destacar o aumento significativo do mercado não oficial de smartphones, que estava por volta de 8% a 10% nos últimos anos e atingiu 25% no 4º trimestre de 2023.

Este aumento do mercado não oficial de smartphones, além de prejudicar o desempenho dos fabricantes de aparelhos oficiais por meio de uma concorrência desleal, traz grandes prejuízos para o País, com perda de arrecadação, de investimentos em P&D e de geração de empregos.

O faturamento das indústrias fabricantes de Componentes Elétricos e Eletrônicos registrou forte queda de 25% em 2023. Este resultado foi influenciado pelo fraco desempenho das áreas de bens de consumo, principalmente de bens de informática e telefones celulares e também pela queda de preços registradas em diversos componentes eletrônicos.

Também é importante destacar o impacto causado pela seca na Região Amazônica, que provocou aumento de custos logísticos, afetando a produção de componentes e ocasionando atrasos no fornecimento de insumos para bens finais.

A área de Material Elétrico de Instalação apontou um leve acréscimo de 2%, com negócios praticamente parados no decorrer do ano.

Destaca-se que neste caso também ocorreu antecipação de compras nos anos 2020 e 2021, influenciados pelas pequenas obras e reformas, conhecidas como “formiguinhas”, em função do confinamento das pessoas na pandemia, reduzindo, dessa forma, o ritmo dos negócios nos dois anos seguintes (2022 e 2023).

Por outro lado, a área de Automação Industrial (+18%) foi a que registrou a maior taxa de crescimento. Esse desempenho vem contando com a necessidade de digitalização da indústria, processo que foi acelerado com a pandemia. Além disso, a busca por maior eficiência e otimização de custos em diversos setores da economia também vem contribuindo com a área de Automação.

No caso de Equipamentos Industriais a elevação foi mais modesta, atingindo 4%. Os fabricantes de bens desta área sofreram com a retração dos investimentos verificada no decorrer do ano. Mesmo assim, a elevação no faturamento registrada em 2023 foi beneficiada pela realização de alguns investimentos de atualização e modernização do parque fabril.

No caso de Utilidades Domésticas, a expansão foi de 5% em 2023. Este resultado contou com uma base fraca de comparação, visto que em 2022, esta área foi a que apontou o pior desempenho entre as áreas do setor, com queda de 9%.

O faturamento da área de GTD – Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica – encerrou 2023 com elevação de 5%. Os negócios dessa área apresentaram muita volatilidade no decorrer do ano.

Ainda no que se refere à GTD, o crescimento desta área em 2023 contou com a continuidade dos investimentos na Geração, principalmente das fontes eólicas e solar fotovoltaica. Porém vale alertar o risco de dependência do mercado externo para a expansão de geração de eletricidade do País, tendo em vista as expressivas importações de módulos fotovoltaicos e de componentes essenciais aos aerogeradores.

Os negócios na Transmissão permaneceram estimulados pelos leilões realizados nos últimos anos. Em 2023, ocorreram dois grandes leilões em junho e em dezembro. Também estão previstos dois outros grandes leilões de concessão de linhas de transmissão e de subestações para 2024.

Neste caso também existe muita preocupação dos fabricantes locais de bens deste segmento, visto que boa parte desses leilões estão contratando produtos de fornecedores estrangeiros.

Na Distribuição, os negócios estavam aquecidos no início de 2023 ainda estimulados pelos investimentos das distribuidoras realizados em 2022, que foi um período de retomada da atividade depois do fim da pandemia e por ter sido um ano de revisão tarifária.

Porém, foi observada uma piora significativa nos negócios deste segmento a partir do segundo semestre do ano, o que prejudicou o resultado total da área de GTD.

Perspectivas

As expectativas são de melhora no desempenho da indústria eletroeletrônica para 2024, porém permanecem as incertezas em relação ao cenário interno e internacional, o que deverá manter os empresários cautelosos.

Existem alguns fatores que estão gerando expectativas favoráveis para o ano, com destaque para a Reforma Tributária, muito esperada pelos empresários do setor, que deverá aumentar a competitividade da indústria, reduzindo a complexidade do sistema tributário do país e desonerando as exportações e os investimentos.

Além disso, a Política Nacional de Semicondutores e a construção de uma política de neoindustrialização também podem trazer perspectivas positivas para o setor.

Conforme dados da sondagem consolidada pela Abinee, 64% das empresas do setor projetam crescimento para as vendas da indústria eletroeletrônica para o ano 2024, 33% esperam estabilidade e 3% estão prevendo queda.

Este levantamento também mostrou que 78% das entrevistadas têm a intenção de investir em 2024.

Mas mesmo assim, o ano de 2024 será um ano com muitos desafios. Os indicadores econômicos, conforme projeções da Abinee, mostram um cenário de incertezas, com crescimento do PIB mais modesto, por volta de 1,6%.

Dessa forma, os principais indicadores da indústria eletroeletrônica também deverão registrar incrementos discretos.

O faturamento do setor deverá somar R$ 211 bilhões em 2024, crescimento de 3% em relação a 2023.

Com exceção da área de Telecomunicações (-1%), especialmente os telefones celulares (-3%), todas as áreas deverão apontar crescimentos.

No caso de Telecomunicações (-1%) e da área de Informática (+2%), assim como ocorreu em 2023, o ano de 2024 também deverá ser um período de ajustes com variações modestas, devido à antecipação de compras registradas em 2020 e 2021.

Vale ressaltar que o desempenho do mercado de telefones celulares também vai depender das ações que serão realizadas em 2024 no combate ao mercado não oficial.

Para 2024, a produção física do setor deverá crescer 3%. A previsão é de aumento também na mão de obra empregada no setor, que passará de 265,6 mil funcionários no final de 2023 para 270 mil no final de 2024. Já a utilização da capacidade instalada deve apresentar elevação de 73% para 76%.

Os investimentos deverão passar de 1,73% do faturamento para 1,75%, totalizando R$ 3,69 bilhões. Esse resultado deverá ser 4% acima do verificado em 2023.

As exportações deverão continuar contribuindo com o desempenho do setor, com elevação de 6% e as importações aumentarão 4%.

ANEXOS

Anexos

Principais Indicadores - Dados atualizados em fevereiro de 2024

 

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Informações Imprensa

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Assessor de Comunicação

11 2175-0099

 
 
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